Introdução

A saúde emocional é um aspecto crucial do bem-estar geral, especialmente em comunidades vulneráveis. Este artigo explora os resultados de uma pesquisa realizada com psicólogos da Instituição Missão Mexa-Se, que atenderam desde 2021 na periferia de Cabo Frio/RJ, somando aproximadamente 500 atendimentos.

Metodologia

A pesquisa envolveu a análise de atendimentos realizados por psicólogos especializados em saúde emocional. Os dados foram coletados ao longo dos anos, focando em identificar padrões e desafios enfrentados pelos pacientes.

Resultados Principais

Problemas Emocionais Frequentes: Ansiedade foi identificada como o problema emocional mais comum, afetando 100% dos casos observados. Entre os ativadores da ansiedade estão expectativas frustradas e afetividade não correspondida, comuns entre moradores de periferia.

Faixa Etária Mais Afetada: A força de trabalho da cidade, composta principalmente por jovens adultos entre 18 e 35 anos, é a mais afetada, representando 33,3% dos casos. Isso pode sinalizar uma ausência de propósito de vida e falta de perspectivas futuras.

Causadores dos Problemas: Problemas familiares foram apontados por 66,7% dos entrevistados como uma causa significativa, juntamente com estresse no trabalho e questões financeiras. Fatores como falta de plano familiar, relacionamentos mal resolvidos, e condições de trabalho precárias, como cargas horárias desreguladas, funções acumuladas, ausência de reconhecimento e retorno financeiro limitado, são contribuintes significativos para os problemas emocionais.

Impacto do Ambiente Social: O ambiente social tem um impacto significativo, com 66,7% dos entrevistados relatando que amigos e colegas influenciam o bem-estar emocional. A disfuncionalidade familiar leva a uma transferência afetiva para amigos e colegas, que muitas vezes não conseguem suprir o vácuo emocional, gerando problemas emocionais.

Desafios e Barreiras

Recursos Financeiros Limitados: A falta de recursos financeiros é uma barreira significativa, agravada pela incapacidade do poder público de absorver a demanda por tratamento emocional.

Resistência ao Tratamento: A resistência ao tratamento é frequentemente causada pela falta de entendimento sobre o que é terapia e por altos níveis de complexidade emocional, que atuam como uma defesa interna para sobrevivência em áreas de periferia.

Conclusão

É essencial que o poder público, instituições religiosas, empresas e outras entidades se engajem na reconstrução das emoções nas comunidades periféricas. A colaboração entre diferentes setores é crucial para desenvolver soluções eficazes e acessíveis que promovam a saúde emocional e o bem-estar geral.